Noite de panico

Era noite, havia uma grande movimentação pela ruas, todos estavam conversando sem nenhuma preocupação, muitas crianças brincando. Particularmente, não sabia o que estava acontecendo, apenas observava aquelas pessoas nas ruas felizes, tudo era muito perfeito e havia algo diferente, as pessoas estavam diferente.

Em seus rostos havia uma felicidade imensa, muito choro, mas não era choro de tristeza, pessoas se abraçando, matando por completo toda saudade. Comecei a andar pelas ruas, eu era um desconhecido, não consegui reconhecer ninguém, e a cada minuto estranhava aquele lugar. 

Me sentia diferente, o lugar era diferente, o ar era puro, me sentia mais jovem com mais força física, ao olhar para um espelho, notei que minha pela era igual a de uma criança. A sensação de segurança era muito forte, a perfeição prevalecia. Comecei a entender que o mundo tinha mudado, não sei como e quando.

Não havia morte, nem lágrimas, nem clamor e nem dor, como se todas as tragédias tivessem ficado no passado. Logo bateu a vontade de correr e ir atrás da minha família, procurei em todos os lugares mas não encontrei. Já prestes a desistir de procura-los, avistei minha esposa, comecei a correr  muito feliz em sua direção, quando me aproximei, notei que ela não me enxergava, passava a mão em seu rosto, porém não conseguia senti-la.

Amedrontado e sem saber o que fazer, entrei em pleno desespero, não havia algo que eu pudesse fazer. Comecei a seguir a minha esposa até ela chegar em uma casa que eu não reconhecia. Quando ela entrou, todos da minha família estavam presente, conversavam entre si, o silêncio invadia o ambiente, e eles não sorriam. Estavam todos tristes como se tivessem perdido alguém.

Ao observar bem, percebi que lamentavam a minha ausência, e me dei conta que não fazia mais parte do mundo deles.

E aquele lugar perfeito que eu estava, já não era mais tão perfeito, no meio de tantas pessoas me sentia sozinho, e mais triste eu ficava quando passei a aceitar tudo aquilo. Quando algo estranho começou acontecer.

Aos poucos todo aquele cenário sumia, e minha família jã não avistava mais. Tudo escurecia, e todos em minha volta estavam sumindo. Uma névoa escura tomava de conta, e vinha na minha direção, desesperado comecei a correr, mas algo me puxava e era mais forte do que eu. Não tinha forças, e tudo estava sendo puxado até ser completamente dominado pela escuridão. Me dei conta que ali era o meu fim, comecei a entrar em pânico, até perceber que não havia mais jeito, a não ser se entregar e aceitar que ali era o término de uma vida. Finalmente toda aquela escuridão me consumiu, e meus sentidos e todas as minhas lembranças começaram a passar como um filme, como se todos os pensamentos estivessem se apagando.

Naquele momento, me recordo que não sentia mais nada, e todas as minhas lembranças se foram, já era um objeto sem vida, sem nenhum sentimento, e enfim tudo escureceu. 


Foi quando finalmente acordei.